segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ESQUECIMENTO: NOSSA PATOLOGIA POLITICA

Uma das grandes patologias políticas do Povo, qualquer que seja, é o esquecimento das promessas políticas feitas pelos dirigentes e líderes políticos.
Muitas vezes, o povo não se dá conta de que é responsável por bons e maus políticos. Esquece-se, igualmente, de que os políticos justos e injustos são por ele produzidos.
Se o esquecimento for uma epidemia política global, como o é HIV/SIDA, em Moçambique é uma catástrofe político-social, sobretudo neste era pós levante de 1 e 2 de Setembro de 2010.
É que depois de 1 e 2 de Setembro de 2010, há muita coisa caricata que vai acontecendo no aparelho de Estado, protagonizada quer pelos dirigentes superiores quer como produto de interpretação ambígua das orientações.
Se percorrermos às nossas memórias politicamente amnésicas, recordar-nos-emos do famoso comunicado de imprensa publicado a 7 de Setembro de 2010. Em tal comunicado, poderemos ler várias “medidas de impacto imediato”, donde se destaca as seguintes:
(….) Congelar o aumento dos salários e subsídios dos dirigentes superiores do Estado até que o Governo conclua a avaliação em curso.
Congelar o aumento dos salários e subsídios dos membros dos Conselhos de Administração das Empresas Públicas e das empresas maioritariamente participadas pelo Estado, devendo os salários serem pagos em moeda nacional, até que o Governo conclua a avaliação em curso. (…)
Estas e outras medidas fizeram correr muita tinta no seio dos escribas e analistas de todos os níveis, entre conhecedores e aventureiros, cibernautas e jornalistas. As “medidas de impacto imediato” foram, igualmente, aplaudidas pelos “marginais, vândalos, desempregados, crianças…” – os manifestantes.
Não obstante os aplausos e as recomendações, a desilusão, coadjuvada, essencialmente, pela amnésia política do povo, não demorou chegar. Não houve e não há até ao momento que gatafunhamos estas palavras, garantias nem provas de que os salários dos dirigentes superiores não continuaram a disparar. Não há, nem na imprensa oficial nem na privada, por mais contundente que seja, provas de que os subsídios de combustíveis, de empregados, de alimentos, de água, de energia, de saúde, lazer e “representação”, não continuaram a ser encaminhados para os fidalgos.
Adicionalmente, as viagens e as ajudas de custo para os altos dirigentes continuaram, com a única inovação de que os únicos a terem acesso às viagens e às ajudas subsequentes são os altos dirigentes. A justificação tem vindo a ser de que são viagens importantes. Não negamos. Mas não há notícias de que o Ministro fulano ou o PCA sicrano viajaram na classe económica como diz o comunicado de que fizemos referência. Afinal, o comunicado indica como essencial e imediata a racionalização da despesa corrente, em particular nas rubricas de passagens aéreas (redução de viagens dentro e fora do pais e redefinição do direito do uso da classe executiva), ajudas de custo, combustíveis, lubrificantes e comunicações.
O gato preto na escuridão continua a ser o pagamento de salários em moeda nacional. Não temos certeza, e, não tendo a certeza, dificilmente acreditaremos que os salários estão a ser pagos em metical. Se estiverem a ser pagos em metical, a nossa dúvida transitará para o facto de não sabermos, concretamente, se os tais vencimentos em metical não são cotados em dólares e pagos em metical ao câmbio do dia!
Do lado de cá, referimos cá em baixo onde só se apanha grãos, há rumores de que não haverá os tradicionais cabazes que minimizam o sufoco do já minguante funcionário do Estado de baixa estatura salarial na quadra festiva. Cadê o pagamento do Décimo Terceiro Salário! A ver, vamos!
É repugnante constatarmos que, do comunicado o Povo, volvidos quase apenas três meses, já se esqueceu. Dos poucos que dele se recordam (aqueles com privilégio de ler e escrever), mal interpretam as “ medidas do impacto imediato”. Ao invés de aplicarem as “medidas de impacto imediato” aos dirigentes superiores, congelam a promoção e a progressão na carreira do simples auxiliar administrativo, cuja posição em termos profissionais se dista a 35 anos da função de chefia!
O interessante nisso tudo é que o povo nada faz, os dirigentes nada fazem? Que o respondam os deputados! Porquê?
Porque a única notícia que veiculou nas últimas semanas é a de que, não foi preciso debate para aprovar o seu bolo apetitoso de quarenta mil meticais de salário base, sem contar com as contas que não terão de pagar, em virtude de tudo poder ser pago por nossos impostos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

De quem é a culpa?

Lixo por todo o lado. Sarjetas entupidas. Cascas de tudo quanto se chama fruta. Os restos de carvão também perfilam na lista. Plásticos de tudo quanto é produto enfeitam a praça sem estética.
As autoridades da casa daquele melhor presidente que escolhemos para nos ajudar a degradar a bela capital, outrora cidade das acácias assistem o espectáculo impavidamente. Os munícipes, esses, tudo fazem para ver a sua bela cidade tomada por lixo, alegadamente porque pagam a extravagante taxa de lixo. Afinal de quem é a culpa? A quem vamos culpar pela degradação da cidade de Maputo? Quem carrega a cruz de toneladas de lixo que pintam maravilhosamente a nossa cidade?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CRÓNICA DE UMA VIAGEM DE CHAPA

Recebi, de alguém muito especial para mim, uma crónica. Uma das belas crónicas de viagem que a minha memória me impõe de lembrar. Um autêntico espelho da realidade, por muitos vivenciada, um por pouco por todo o país, mas diariamente em Maputo e Matola. Eis que a publico a seguir:
Meio dia. Vila Ulongwé. Terminal dos chapas para Tete.
Minibus, vulgo chapa, de 9 lugares, superlotado com 18 lugares. Entrei. Sentei-me no único lugar possível, na minha ignorante opinião, o último dos últimos. Como estava enganada... No último banco estavam duas jovens mulheres com os seus quatro filhos, todos pequenos, três com dezoito meses, dois gémeos, e uma menina de 8 anos, e além delas um homem. Não havia espaço para uma cabeça de alfinete, mas o cobrador insistia que ali tinham que se sentar quatro adultos porque a crianças não contavam. Ah!, a menina de oito anos levava, aconchegadinha ao seu peito, uma franga, uma franga que de vez em quanto se fazia anunciar com uns pius, pius, meios aflitos, meios a pedir misericórdia, não percebi se para ela, ou se para as duas jovens mulheres e para as crianças.
O cobrador só deixou de reclamar o espaço, que no seu entender tinha que existir, pois as crianças não ocupavam lugar, quando alguém lhe disse, que o espaço que ele estava a imaginar existir, seria pago. Assim, o chapa de nove lugares, superlotado com dezanove, iniciou a sua viagem para Tete, cidade do distrito.
Antes de me ter apercebido deste incidente, houve algo que chamou a atenção do meu apurado olfacto. O odor, o cheiro, o perfume, que daquele espaço exalava. Era um misto de bedun, peixe seco, alhos e cebolas. Qual aroma de um qualquer Calvin Klein africano. Daqueles odores que nunca mais esqueceremos, ao passar por um qualquer chapa, algures em África, e se esse odor, naturalmente, flutuar no ar, vou-me lembrar desta viagem.
O chapa de 9 lugares, superlotado... começou a rolar com destino a Tete, e sabem o que começou também a rolar? Ninguém imagina! Como disse, no banco de trás iam duas jovens mulheres com quatro crianças, três delas de dezoito meses, duas gémeas, pois eram precisamente essas que faziam rolar as mamas de sua mãe. Lutavam entre elas pela mama esquerda. A direita já tinha dado o que tinha a dar, e agora era a esquerda a preferida dos meninos, e... do dono do chapa de 9 lugares, superlotado... Esse, com olhar guloso, qual menino de colo e ainda por desmamar, dizia:- “Então eles não querem a outra ?”Ao que lhe foi respondido pela mãe, com um ar inocente:- “Já mamaram nela !”. E os meninos lutavam pela suculenta mama, uma vez que a outra pendia murcha e vazia. A mãe lá decidiu, ora mamava um, ora mamava outro, mas as duas fontes de alimento ali iam, expostas qual manjar exposto aos olhares gulosos do dono do chapa de 9 lugares, superlotado...
Enquanto se desenrolava esta cena, ouviu-se um toque polifónico de um telemóvel, era o homem sentado ao lado a mãe dos gémeos que estava a receber uma chamada do “homem de Deus”. E o homem sentado ao lado a mãe dos gémeos dizia: - “Boa tarde “homem de Deus” vou a caminho de Tete “homem de Deus”, eu os meus companheiros em Deus já pusemos o telhado na igreja, falta pôr no escritório... (pausa). Não sabia que o seu escritório “homem de Deus” tinha que ser primeiro, desculpe “homem de Deus”, no próximo Sábado será o seu escritório “homem de Deus”...”
Não sei se foi a repetição em forma de lenga-lenga de “homem de Deus”, mas quando a conversa acabou as crianças dormiam o sono dos justos. Talvez cansados de lutar pela mama esquerda...
Nesta acalmia, encontrei-me a pensar nos meus amigos e no meu filho que estariam em situações completamente distintas da minha, e como apesar de a amizade e do amor (no caso do Pedro) nos unir, cada um de nós tem caminhos e vivências diferentes. Pensei no Pedro que estaria no seu gabinete em Portugal, todo equipado com novas tecnologias de informática. No Ir. Andrade a colorir de encarnado as folhas onde os alunos horas antes responderam ao teste de português, e nas emoções sentidas a cada risco. No Pe. Vítor a trabalhar no poço de Mwala wa wphande, poço que irá facilitar a vida a centenas de mulheres, que como decerto as minhas companheiras de viagem, têm que percorrer alguns quilómetros para irem buscar água, e com o poço na sua aldeia, a vida já de si madrasta para estas pessoas, fica um pouco mais “mãe”. Pensei também no Pe. Paco, que se encontra em visita aos doentes das aldeias mais afastadas, e por isso mesmo, sem a visita de um padre durante longos periodos, também ele vivendo e despertando emoções com o seu testemunho de fé, de seguidor de Jesus, e do Amor de Deus.
Absorta nestes pensamentos e lado a lado com estes três amigos que dão a sua vida ao próximo testemunhando a cada momento o Amor de Jesus por nós, fui despertada pelo som melodioso do meu telemóvel, era um amigo de Portugal, que com muita alegria e emoção na voz, me informava que a sua mulher e minha amiga, estava melhor e que já não precisava de fazer mais quimioterapia. Que alegria eu senti nesse momento, e... Meus Deus ! Aquele chapa de 9 lugares, superlotado... albergava quase todo o meu mundo, o meu filho, os meus três amigos missionários, de Portugal, o meu amigo e a sua mulher, os gémeos, as jovens mulheres, o subdito do “homem de Deus” e todas as outras pessoas. Estava eu nestas cogitações quando chegámos a Mussakama... os que tinham mais apetite trincavam com vontade umas pernas de galinha frita que deviam estar muito saborosas, mas o bom mesmo foram as batatinhas fritas que os meus companheiros de um palmo e meio comiam deliciados, esquecendo por momentos o delicioso néctar existente algures na sua mãe.
Olhei os três bebés, redondinhos, lindos e luzidios, não resultado de um qualquer creme Baby Johnson's anti-alérgico, mas do óleo, mais que queimado, de fritar as batatas. Olhando para eles apercebi-me que eram a imagem de pequenos diamantes, começados a serem burilados, pois já brilhavam, quais diamantes usados por mulheres ricas, que não sabem o que é dar de mamar, e muito menos a dois gémeos que lutam pelo que querem, e também não sabem o quanto é delicioso viajar num chapa de 9 lugares, superlotado com dezanove pessoas de verdade, que vivem o momento, o dia-a-dia, e entre elas dois gémeos que lutavam pelo leite da mama esquerda da sua mãe, mãe essa que tem um sorriso lindo de felicidade, que inundava os seus olhos negros e brilhantes.
Os passageiros foram saindo a partir de Moatize, os meus queridos companheiros seguiram os seus caminhos e as suas vidas, e como são sempre as crianças que mudam a vida e o mundo, estes também mudaram, além de muitas outras coisas, o odor daquele chapa de 9 lugares, superlotado... Quando saíram, ao cheiro de bedum, peixe seco, alhos e cebolas, do início de viagem, juntava-se o cheiro natural das crianças de dezoite meses fechadas num chapa durante 4 horas, e... de uma franga aconchegadinha ao peito de uma menina linda de oito anos.
Elizabeth
Tete, 12 de Outubro de 2100

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Leva-me de Volta ao Egipto, Moisés!

Olha para as alturas oh ser semelhante! Verás que somos semelhantes. Tu nasceste, eu também nasci. Tu cresceste, eu também cresci. Tu reproduziste, eu também reproduzi, respiras, eu também respiro. Tu morrerás, eu também morrerei. Não importa como cada um nasceu, cresceu, está a reproduzir e irá morrer. A verdade é que não sentimos a mesma coisa.

É verdade e acredita. O que tu sentes não é o mesmo que sinto. Tu nem sentes que os níveis de vida subiram. Claro, como é que sentirias que os preços do pão, de água, de electricidade, de transporte, de arroz, de farinha de milho, de feijão, de trigo, de gás de cozinha, de petróleo de iluminação, de tomate, de sal, de cebola, de óleo, etc, etc, já alcançaram o sol se vives a custa de meus impostos?!

Como saberias que o cidadão pacato está gradualmente a deixar de sobreviver e ruma lentamente e bem calado para a casa de defuntos se tu nem sabes pagar nem um tostão por tanto combustível que gastas nas viagens que fazes para fora do país, onde regularmente fazes as tuas compras?

Não estás preocupado, porque os preços também subiram no mercado internacional? Não acredito. Se não estás preocupado, deverias estar por uma razão muito simples: doravante não terás espaço para construíres teus hotéis, tuas lojas, teus apartamentos, porque tudo se transformará em cemitério desses cidadãos “pacíficos” que matas à fome. Deverias claro, porque em 2014 não terás ninguém para te doar voto. Os teus comparsas perfazem apenas um número insuficiente para te dar mordomias. Acho que sabes que eles são tão ociosos quanto tu!

Se eu soubesse que virar Moçambique era aumentar salário em 9% e elevar o nível geral de preços em 90% teria ficado em casa naquele dia 28 de Outubro de 2009. Sinceramente não sabia que, em virtude de receberes em dólar norte-americano e fazeres compras na Europa e nos Estados Unidos, virias a deixar o meu lindo metical a derrapar junto com o seu povo. Se eu soubesse teria feito tudo para não subires ao Monte Sinai.

És falso Moisés. Desde 1994 que me prometes a terra de Canã, mas nunca lá chego. Tiraste-me das mãos de Faraó com o compromisso de me levares para uma terra onde o mel e o leite abundam, porém o único maná de que tenho direito por tua imposição e petição é a miséria, fome, injustiça, pobreza.

O exército de Faraó quase me alcançava nas margens do Mar Vermelho, mas tu, usando a tua história e sua astúcia, evocando os fundadores desta Nação infernal, trouxeste-me nesta margem, onde a desgraça é meu pão de cada dia.

Agora, em vez de te preocupares com os níveis vergonhosos de inflação, estás entretido em prender e desprender os cidadãos inocentes que tentam lutar pelos seus direitos; ao invés de equipares a polícia e ajustares o salário que prometeste ajustar para estes teus guarda-costas, teces discursos enfadonhos de tudo estar bem na corporação, no exército de que és comandante-mor, incluindo com os desmobilizados de guerra, mesmo sabendo que o povo, diariamente, toma banho do sangue de seus filhos fieis barbaramente abatidos pelos ladrões – teus milicianos.

Por favor leva-me de volta ao Egipto! Lá sofria, mas comia, era obrigado a pegar em tijolos em brasa, mas com o estômago cheio. Leva-me de volta, porque liberdade com fome não é liberdade.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Salva-te a Ti Mesmo

Salva-te a ti mesmo! Gritavam os Judeus impiedosamente e desdenhosamente para Jesus Cristo amargamente vertendo lágrimas de sangue na Cruz. Hoje no Moçambique despido, empobrecido e tomado de assalto por dragões enriquecidos sem justa causa, salva-te a ti mesmo.
Num Moçambique agora esquartejado em três gerações confundível e politicamente inventadas a partir da pontiaguda encarnada, salva-te a ti mesmo. Salva-te a ti mesmo quando as ditas gerações setembrinas e do oitavo dia de Março fogem em debandada da sua responsabilidade de estabelecer uma justiça social, relegando e imputando à tão famigerada “geração virada”, quero dizer “geração da viragem”, a responsabilidade de combater a pobreza, mesmo sabendo que a pobreza é resultado do egoísmo e da ganância de tais gerações ora antiquadas e fugazes.
Salva-te a ti mesmo, porque, ao contrário, continuarás objecto de justificação do desvio de fundos e da pilhagem de dólares e euros que nós não produzimos para o nosso próprio sustento como Estado “soberano” e “independente”. Serás cegamente pagador de uma dívida cujo fim alheiamente te passou e velozmente se transmitiu para as futuras gerações sem futuro.
Quando aquelas promessas de emprego e habitação para jovens (tal geração da viragem) feitas euforicamente em Outubro de 2009 caem no esquecimento e se confundem divertidamente com um lema enfadonho, insípido e inodoro denominado “35 anos de independência, três gerações, uma só nação”, salva-te a ti mesmo.
Salva-te a ti mesmo quando o conceito de inclusão e convivência pacífica entre “três gerações” se resume na nomeação de apenas um descendente de um antigo guardião da justiça, degolado pelo regime imutável das ditas gerações gloriosas, ao segundo posto de justiça e indigitado porte-parole intuitivamente e astuciosamente para atrapalhar os seus semelhantes.
Aí no Aparelho de Estado, quando o seu salário é apenas e penosamente fixado em 588 US$ se fores licenciado bem pago e mínimo de 82,352US$ se fores servente de um sector financeiro, contra o salário mínimo de cerca de 2000US$ dos representantes e membros do governo, salva-te a ti mesmo.
Sim. Salva-te a ti mesmo se o seu salário de 588 US$, para não falar do minguante 82,352US$, não consegue pagar um pedaço de terra para ergueres uma cabana, que chega a custar 7 vezes mais que o seu salário, sem descontar o valor para garantir o funcionamento minimamente aceitável do teu estômago; manter os teus filhos e educandos na escola pública, mesmo sem qualidade; continuares a disputar os “Chapa 100” com alguma dignidade….
Salva-te a ti mesmo dos lemas sem significado prático! Tu não és nada da geração da viragem. Tu pertences à geração empobrecida, politicamente alienada e substituta dos teus antepassados sucumbidos no inferno da escravatura e do trabalho forçado. Tu és da geração dominada pelo sistema neocolonial doméstico perpetrado e perpetuado por tais gerações libertadoras. És da geração fustigada com a miséria, nudez e fome. Uma geração vendida, sem futuro nem esperança….uma geração que replica discursos e propagandas políticas como de pão se tratasse.
Portanto, salva-te a ti mesmo!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

DISCURSO DE BOTHA –1985

Uma amiga enviou-me o discurso enfadonho e cruel de Botha. Publico-o na integra. Ontem foi o branco e depois dele? O enriquecimento sem justa causa no nosso seio nao e Apartheid?
DISCURSO DE BOTHA –1985O
discurso que se segue foi proferido pelo antigo presidente Sul Africano P.W. Botha a membros do seu Gabinete. - MARTINHO JÚNIOR, Publicado por David G. Mailu no Jornal Sul Africano The Sunday Times, datado de 18 de Agosto de 1985.
“Pretória foi erguida pela mente branca para o homem branco.Não somos obrigados a provar a qualquer um nem mesmo aos pretos que nós somos um povo superior.Já demonstramos de mil e uma maneiras.
A República da África do Sul que nós hoje conhecemos não foi criado apenas de sonhos.
Nós criamo-la à custa da inteligência, do suor e de sangue.Foram os Afrikaners que tentaram eliminar os Aborígines Australianos?
São os Afrikaners que discriminam aos pretos e os chamam Niggers nos Estados Unidos?Foram os Afrikaners que começaram o comércio do escravo?
Onde o homem preto é apreciado?Inglaterra discrimina os seus pretos a sua lei de “Sus” está para disciplinar os pretos. Canadá, França, Rússia, e Japão também discriminam.
Por que tanto barulho por nossa causa?Por que nos condenam a nós?
Eu estou tentando simplesmente provar a todos que não há nada incomum no que estamos a fazer – diferente do que o mundo chamado civilizado está fazendo.
Nós somos simplesmente um povo honesto com uma filosofia clara de como nós queremos viver a nossa própria vida branca.
Nós não fingimos que gostamos de pretos como outros brancos fazem.O facto dos negros parecerem como seres humanos e agir como seres humanos não lhes faz necessariamente sensíveis seres humanos.
O porco não é porco-espinho e o lagarto não é crocodilo simplesmente porque são idênticos. Se Deus nos quisesse iguais aos pretos, criava-nos a todos de uma única cor e de um intelecto uniforme. Mas criou-nos diferentemente: Brancos, pretos, amarelos, governantes e governados.Intelectualmente, nós somos superiores aos pretos; isso foi provado para além de toda a dúvida razoável ao longo dos anos.
Eu acredito que o Afrikaner é honesto, pessoa temente a Deus, que demonstrou praticamente a melhor forma de estar. Não obstante, é confortável saber que nos bastidores, Europa, América, Canadá, Austrália e todos os outros dizem através de nós o que pensam.
Para relações diplomáticas, nós todos sabemos que língua deve ser usada e onde. Só para provar o meu ponto de vista, camaradas, quem de vocês conhece um país branco que não tenha um investimento ou um interesse na África do Sul? Quem compra nosso ouro? Quem compra nossos diamantes? Quem negoceia connosco?Quem nos está a ajudar a desenvolver outra arma nuclear?
A maior verdade é que nós somos o seu povo e eles são nosso povo.É um segredo grande.A força da nossa economia é suportada pela América, Grã Bretanha, Alemanha, etc.É nossa forte convicção, consequentemente, que o preto é matéria prima para o homem branco.
Assim, irmãos e irmãs, juntem as mãos e lutemos contra este diabo preto.Eu apelo a todos os Afrikaners a saírem com meios criativos de travar esta guerra.
Certamente Deus não pode condenar o seu próprio povo que somos nós.Por agora cada um de nós tem visto praticamente que os pretos não se podem governar.
Dê-lhes armas que eles vão se matar uns aos outros. São bons em nada mais do que fazer barulho, dançar, casar muitas esposas e espojarem-se no sexo. Vamos todos aceitar que o homem preto é o símbolo da pobreza, da mente inferior, do perder e da incompetência emocional.Não é plausível?Consequentemente que o homem branco é criado para governar o homem preto? (sublinhado meu).
Vamos só pensar no que aconteceria se um dia vocês acordassem com um “Kaffir” sentado no trono!Podem imaginar o que aconteceria às nossas mulheres? Qualquer um de vocês acredita que os pretos podem governar este país? Daí que, nós temos todas as boas razões para deixar todos os Mandelas adeptos e seguidores na prisão, eu penso que nos deviam elogiar por mantê-los vivos, apesar de já possuirmos nas mãos meios para acabar com eles.
Desejo anunciar um conjunto de novas estratégias que devem ser postas em prática para eliminar este “erro” preto.Devemos a partir de agora usar armas químicas.
Prioridade número um, não devemos permitir mais o aumento da população negra, para que não nos arrependamos mais tarde.Tenho a notícia emocionante dos nossos cientistas que desenvolveram um novo material e eficiente. Estou a mandar mais investigadores ao terreno para identificar o quanto mais locais possíveis onde as armas químicas poderiam ser usadas para combater o aumento desta população. O hospital por exemplo é uma boa abertura estratégica, e deve ser inteiramente utilizado.A rede da fonte de alimento deve ser usada.
Nós temos desenvolvido bons venenos que matam lentamente e excelentes destruidores de fertilidade.Nosso medo é somente um, caso esse material voltar se contra nós!!Nas suas mãos podem começar a usar contra nós, é só parar e pensar quantos pretos trabalham para nós.
Contudo, nós estamos a fazer de tudo para nos certificarmos de que o material permaneça estritamente em nossas mãos. Segunda prioridade, é explorar a vulnerabilidade da maioria de pretos ao dinheiro. Eu reservei um fundo especial para explorar esta faceta. O velho truque de dividir para reinar é ainda muito válido hoje. Nossos peritos devem trabalhar dia e noite para fazer o homem preto trair o seus mentores. O seu sentido moral inferior pode ser explorado.
E está aqui uma criatura com falta de carácter.Há uma necessidade de nós o combatermos, a longo prazo para que não possa suspeitar.
O preto médio não planeia a sua vida para além de um ano: esse facto, por exemplo, deve ser explorado. (sblinhado meu)
Meu departamento especial está a trabalhar contra o tempo num projecto de operação a longo prazo . Estou a fazer também um pedido especial a todas as mães Afrikaner para dobrar sua taxa de natalidade. Pode ser necessário desenvolver uma indústria de crescimento da população, criando centros onde nós empregamos e suportamos homens novos e as mulheres inteiramente brancos para produzir crianças para a nação. Nós estamos investigando também o mérito de aluguer de úteros como meios possíveis de apressar-se o crescimento de nossa população. Por um tempo, nós devemos também activar uma engrenagem muito sofisticada para se certificar de que os homens pretos estão separados das suas mulheres e multas impostas as esposas casadas que gerem crianças ilegítimas.
Eu tenho um comité a trabalhar em torno de um método melhor de incitar os pretos uns contra os outros e de incentivar assassinatos entre si. (sublinhado meu).
Os casos de assassinato entre pretos devem merecer uma punição muito leve a fim de os incentivar. Os meus cientistas desenvolveram uma droga que pode ser usada para efectuar envenenamento e destruição lenta da fertilidade. Trabalhar com as fábricas de bebidas a fim de fabricar bebidas especialmente para pretos, que podiam promover formas de redução da população. ( Sulinhado meu)
Não é uma guerra em que nós podemos usar a bomba atómica para destruir os pretos; assim sendo, nós devemos usar a nossa inteligência para isso. O ataque de indivíduo a indivíduo pode ser muito mais eficaz. Os registos mostram o homem preto morre para ir para a cama com uma mulher branca, está aqui uma oportunidade original (sublinhado meu).
Nosso esquadrão de Mercenários do sexo deve sair e camuflados e infiltrados com lutadores contra o Apartheid para fazer suas operações de administrar silenciosamente venenos dedestruição lenta da fertilidade.
Nós estamos modificando os esquadrões de Mercenários do sexo introduzindo os homens brancos que devem ir procurar mulheres pretas militantes e todas outras mulheres pretas vulneráveis. Nós recebemos uma remessa nova de prostitutas da Europa e da América que estão desesperados e demasiado desejosas de aceitar a missão.
O meu último apelo é que as operações de maternidade nos hospitais devem intensificar-se. Nós não estamos pagando aquelas pessoas para ajudar a trazer bebés pretos a este mundo mas sim eliminá-los no momento do seu nascimento.
Se este departamento trabalhasse muito eficientemente, muito poderia se conseguir.O meu governo reservou um fundo especial para erguer hospitais e clínicas secretas para promover este programa.O dinheiro pode fazer qualquer coisa para nós.
Enquanto nós o tivermos, devemos fazer o melhor uso dele.Entretanto, meus adoráveis concidadãos brancos, não levem a peito o que o mundo diz e não se envergonhem de ser chamados racistas.
Eu não me chateio por ser chamado de arquitecto e rei do Apartheid.Eu não me transformarei num macaco simplesmente porque alguém me chamou de macaco.Eu continuarei a ser a vossa estrela brilhante…sua excelência Botha.”

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Filho Prodigo?

Provocação. Desta vez não venho falar dos abutres da 24 de Julho nem dos fidalgos das pontas pretas, amarelas, verdes, vermelhas, brancas…enfim das cinco cores da nossa Bandeira.
Também não é meu propósito pensar porquê a política anda politizada nem porquê os partidos estão partidarizados. Afinal, a política move-se por interesses e não por amizade.
Não é intenção deste artigo perguntar porquê os professores estão desempregues, nem porquê mesmo com professores desempregados os alunos não estudam por falta de professores.
Não procuro nem saber porquê quando Bihale recebe diploma honoris causa a sala só balbucia com as cadeiras vazias e mesas sem nenhuma migalha de cocktail, ao contrário do que acontece quando a pata recebe Horis Causa.
Não indago porque a cidade de Maputo está tão esburacada em menos de dois anos de governação daquele que dissemos que era o melhor quando em dois anos de governação aquele pior que deliberadamente tiramos já tinha reabilitado o Jardim dos Namorados, limpado a cidade, e reabilitado o sistema de drenagem da Baixa da Cidade Capital.
Venho sim pedir desculpas a todos meus colegas e amigos “internautas” que comigo partilharam opiniões diversas e comigo Manifestaram neste MANIFESTO.
Venho igualmente comunicar que, contra todos familiares, amigos e colegas que me aconselharam a parar de escrever por temerem que a escrita me levasse ao precipício perpetrado pelos dinossauros desta Patria Amada, decidi voltar a escrever. Decidi voltar a escrever. Escrever não o que convém escrever porque o conveniente nem precisa de ser escrito. Vou continuar a escrever o que sinto. E porque muitas coisas que sinto são inconveniências políticas, sociais, económicas e culturais, escreverei sobre elas.
O recado para os me aconselharam a parar de escrever ou a escrever o conveniente: o maior precipício para mim não seria desaparecer desta pátria. Seria sim viver nesta terra como se não estivesse a viver nela, isto é, viver sem liberdade de escrever o que penso.
Espero que me entendam e juntos comigo manifestem. Só não sei se serei bem acolhido como filho pródigo das Sagradas Escrituras.