quinta-feira, 21 de março de 2013

Carta à minha Mãe


Querida Mae,  

Espero que esta carta te encontre de boa saúde. Já passava muito tempo sem te escrever e, por conseguinte, sem trocarmos notícias. Hoje é o dia para explicar-te  as razões que ditaram o meu silêncio e contar-te algumas novidades.

Mãe, deves estar sobremaneira preocupada comigo, não é? Descansa Mammy. Eu estou muito bem de saúde. Parara de escrever porque, como sabes, nesse país quando se escreve o que não agrada ao sistema cortam-te os membros todos, principalmente as mãos para não voltar a escrever. No caso tive a sorte. Não me amputaram nem as mãos nem as pernas. O mesmo não me fizeram com a cabeça. Graças a Ti Mãe, ao meu falecido Pai e a Deus todo poderoso. Graças a Vós meus poderosos Deuses deixaram-me vivo e com a cabeça para pensar. Não obstante tal sorte, cercaram-me e isolaram-me. Mas isso é de menos.

Assim, com medo ainda de me fazerem o pior vou apenas te contar umas poucas novidades. Em 2011 o mundo surpreendeu-se com muitas revoluções. No Egipto tiraram um presidente, o mesmo aconteceu na Tunísia. Sabes quem tirou, Mãe? Foi o Povo. O povo de la não brinca como nós aqui em Moçambique. La tiram mesmo. Mas continuo muito sentido. Lembras-te daquele líder famoso? Aquele Mãe. Muammar Ghaddafi. Os americanos e europeus com anuência de um punhal de joves ganacionsos mataram-no. Sei que vais perguntar porquê? Foi por causa de petróleo. Ele negava com o petróleo dele. 

Alegaram que matou umas oicentas pessoas. Até pode ter matado Mãe. Em nome da soberania e independência. Mas o acto não justificava a morte dele. Agora que escrevo, pessoas estão a morrer na Syria, lá perto da terra de Jesus Cristo. Curiosamente nenhum deles foi lá matar presidente. É assim mesmo Mãe. As pessoas são injustas como a própria Natureza.

Falar de Moçambique? Tenho medo. Apenas te dizer que as coisas continuam na mesma. Em algum momento até piores. Por exemplo, no dia 8 de Março de 2012 aquele Dhlakama que em 1984 matou o meu Tio só porque era professor voltou a protagonizar uma escaramuça em Nampula. Mas foi abafado bem com a polícia. Os membros da  polícia, apesar do seu magro salário, mais uma vez entregaram  a sua vida à defesa da ordem e traquilidade públicas. Mas o Governo não vê esse esforço. A Assembleia da República? Pior ainda. Esta é a primeira a dizer que a Polícia e as Tropas nada fazem e que, por isso, devem continuar a ganhar migalhinhas. Sabe Mãe, o meu medo é que esses polícias e militares um dia se rebelem e protagonizem desordem constitucional aqui em Moçambique à semelhança da Guiné-Bissau.

Mas a vida vai andando...A cidade de Maputo está toda esburacada desde que tiraram Eneas Comiche. Nem tem falo da Cidade da Matola. O sonho de uma cidade da Matola limpa e próspera foi enterrado junto com o falecido Carlos Tembe. Na Beira vá que não vá. As coisas estão a melhorar a cada dia que passa. Mas lá na Munhava o lixo está longe de terminar o seu convívio com os munícipes. Em Quelimane o povo despertou e está agora a experimentar a mudança. Oxála que a mudança seja positiva. Mas parece que aqueles buracos da Cidade estão a desaparecer.

Em Tete? A cidade está completamente abandonada. A cidade está virar um escombro. Um dia só tractores é que irão andar nas ruas da cidade se não mudar de presidente do município. Porém há coisas que melhoraram. Serviços. Há muitos serviços agora lá. Até cerveja à copo encontra-se.

Outras Cidades continuam diambulando atrás de seus presidentes clamando pela mudança. Refiro-me às cidades de Xai-xai, Maxixe, Vilanculo, Nampula, Cuamba, Lichinga e Pemba. Em Inhambane morreu o presidente e elegeu-se outro no meio de confusão. Acusaram o MDM de fraude. As coisas tendem a mudar Mãe. Até oposição já faz fraude. Só mesmo com fraude perderam esmagadoramente a favor do nosso Partido Glorioso, esse autor de todas essas coisas que te contei sobre Moçambique.

Esta bem Mãe. Hoje termino por aqui. Depois voltarei a escrever para me contares da tua vida ai no campo.

Beijinhos de saúdades.



2 comentários:

Reflectindo disse...

Espero que seja o regresso!

Abraco

Mzimu wa Akayinga disse...

Este vai o regresso. Tremido, mas contínuo